Este ano faço/ fiz 15 anos como arquitecto e afins. Pelos vistos ainda um teenager, mas velho o suficiente para não conseguir retirar o ‘c’ à palavra que me dá o título.
Decidi assim selecionar os 15 trabalhos/ momentos profissionais que mais me marcaram.
Algumas das obras apresentadas são em coautoria, o que me dá um especial prazer pela partilha de conhecimento, mas ainda mais pelos múltiplos risos e dramas partilhados.
Em arquitetura, 15 anos de experiência deve ser mais ou menos equivalente a um médico que atendeu 25.000 pacientes (ratio de 7/ dia), com a ‘diferença’ de significar 1/100 dos ‘clientes’, mas não menos cabelos brancos.
Cada projeto/ obra é algo único, moroso, complexo, burocrático, generalista. Saber só de arquitetura na gestão de um projeto ou obra, ou de curadoria de oradores na conceção de um grande evento, levaria ao desastre final.
A curiosidade que eleva o nosso nível de conhecimento, a capacidade de antecipação dos problemas, a comunicação eficaz, a capacidade de trabalhar bem em equipa, o bom senso com um toque de irascibilidade/ irreverência são, na minha opinião, a base de um resultado final diferenciador. Pela positiva, claro. Temos de ser (e saber), em cada projeto, muito mais do que queremos e sabemos academicamente: psicólogos, trolhas, gestores, fiscais, contabilistas.
Mas pelo meio do pontual reconhecimento, que é motivador, há muito caos. A eterna ‘percepção vs realidade’. Para se evoluir é preciso questionar muito. Aceitei o desconhecimento, procurei reaprender, questionei o que achei saber.
Até há uns tempos atrás, quando olhava para o meu conjunto de obras/ trabalhos, não encontrava um fio condutor na minha linguagem. Numa entrevista que dei há uns meses perguntaram-me porquê e surgiu-me a resposta: o CONTEXTO.
Nenhum é igual, pelo que nenhuma obra com o mesmo programa deve poder ser igual em locais diferentes, em tempos diferentes, para diferentes pessoas. Acredito que isto se aplica a tudo o que pode ser considerado ‘arte’, incluindo a conceção de um prato.
E encontro bastante orgulho nesta diferença. Desenhei e pensei cada obra, cada peça e cada evento de forma muito específica para o contexto em questão, para a especificidade de quem as ia viver.
Que existam mais 15 e que sejam, pelo menos, idênticos. Gostei mesmo muito destes.
5. CEPA, base para garrafas de vinho, criada originalmente como prenda de casamento para um grande aficionado por vinhos. (Foto: Alexandre Delmar)


—
Obrigado a quem me ensinou e apoiou:
- à Verónica por tudo e por sempre (mesmo quando reagi mal;) ;
- à Constança e à Olívia que me inspiraram a criar com a alegria e simplicidade delas;
- à minha família por adorar todo o meu trabalho, mesmo o que não o merece;
- aos colegas e amigos arquitectos e engenheiros que são os meus maiores críticos e me ensinaram tanto sobre a sua forma de pensar e trabalhar;
- aos amigos de coração do TEDxPorto com quem aprendo tanto sobre tudo;
- a todos os colegas e amigos da EDP que ousam continuar a tentar transformar-me num engenheiro 🙂